Por Miguel Calil
04 de outubro de 2024.
Estou na leitura do livro de auto-ajuda que tem uma pegada de espiritualidade e espiritismo do Juiz de Direito em São Paulo, José Carlos de Lucca, Dentro de Mim, lançado pela editora InterVidas. Com um grupo de amigos fundou o Grupo Espírita Esperança, na Vila Matilde, em São Paulo. Ministrou palestras focadas em motivação e desenvolvimento do potencial espiritual do ser humano. José Carlos de Lucca escreve belíssimos livros envolvendo Jesus Cristo, Francisco de Assis ( Simplismente Francisco), Chico Xavier e Bezerra de Menezes. A obra tem prefácio da psicóloga, mestre e doutora em ciência da religião pela PUC de SP e Presidente e fundadora da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE), Ercília Zilli . O livro de José Carlos de Lucca faz reflexões sobre autoconhecimento, amorosidade e transformação interior. No capítulo 1, aborda um homem muito aflito e Maria, mãe de Jesus. E Nossa Senhora diz: Tudo Passa. Não há mal que perdure para sempre. Não há dor que se eternize. Não há treva que resista à luz. Todo o mal é passageiro, toda dor é temporária. O suícidio somente agrava as dificuldades da pessoa. Do outro lado da vida, a pessoa vai sofrer mais. Será levada para o Vale dos Suícidas, ideia popularizada pelo livro Memórias de um Suicida, da médium Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984). Maria de Nazaré, a Mãe Espiritual de todos nós, afirma que todo mal é passageiro, e somente o Reino de Deus tem força suficiente para nunca passar.. No capítulo 2, diz que quando passamos por uma fase de extrema dificuldade, quando nos sentimos num beco sem saída, quando todas as nossas tentativas de solução não tiveram êxito, quando as nossas preces parecem não ser ouvidas, saibamos que estamos num momento muito importante da nossa evolução. Quando nada muda por fora é porque algo precisa mudar primeiramente em nós mesmos. a situação dolorosa não se modifica, porque seu fim é nos modificar. Se não mudamos por dentro, nada muda por fora. O propósito é o de nos tornarmos mais conscientes sobre as nossas escolhas e as consequências que elas têm gerado, tudo isso para que, a partir de um ponto de vista mais elevado, possamos agir com mais acerto. Rever pensamentos, crenças, sentimentos e acima de tudo atitudes. Segundo o téologo Jean-Yves Leloup: " medo de deixar o conhecido pelo desconhecido, pois para encontrar é preciso perder. Perder suas seguranças, seus pontos de apoio". Nosso ego adoecido faz da dor seu ponto de apoio para sobreviver. É o momento, de abandonarmos a relutância em deixar morrer o passado e construir uma vida nova. No capítulo 3, Lei do Bem: quando temos diversos problemas passamos a não acreditar no poder divino, esfriando a nossa relação com o Criador. Por essa razão, Sã Francisco de Assis pede para termos mais confiança em Deus, porque, por meio dela, haveremos de mais facilmente transpor o momento difícil. A confiança estabelece nossa firme conexão com o Pai, e dessa forma , uma corrente de forças poderosas revigora nosso espírito abatido. O capítulo faz uma menção ao famoso salmo 23, atribuido a Davi: "O Senhor é o meu pastor, nada me falta..." Nossas dores existenciais nascem quando , aos invés de vivermos o estado de fusão, manifestamos o estado de separação - separação de nós mesmos, separação do próximo, separação da criação divina, separação de Deus. A vida de Francisco gravitava em torno da fraternidade, do sentimento de fusão com a obra divina, tendo certa feita recomendado que todos deveríamos nos portar como filhos da mesma mãe, isto é, como irmãos. Ele dizia: confiar em Deus, viver em harmonia e trabalhar em favor do bem. No capítulo 4, Cura Interior, fala da cura de Jesus ao cego Bartimeu, Não raro, o que pedimos não é o que precisamos. Bartimeu queria ver e insistiu: "Eu quero voltar a ver, Mestre". Jesus afirmou: " Vá, você está curado porque teve fé". Bartimeu tinha fé e vontade de mudança! Antes da cura exterior, Bartimeu fez uma cura interior. Ele queria se tornar um ser humano melhor. No capítulo 5, Sementes, a religião tem por objetivo ajudar o homem a se religar ( religião - religar) a Deus, não a uma divindade exterior, mas à essência sagrada.. Na busca pela iluminação interior, passamos por inúmeras experiências para adquirir virtudes como sabedoria e bondade através de diversas reencarnações e se libertar das negatividades do ego adoecido ( orgulho e egoísmo). De Lucca fala que nesse incrível projeto divino, cada existência ( reencarnação) é um capítulo na escola da vida, e todos os capítulos estão ligados uns aos outros. Por vezes, nem precisaremos aguardar uma próxima reencarnação, pois o retorno de nossos atos pode se dar ainda na própria existência em que eles foram praticados. Lei da causa e efeito. Fiquemos mais atentos ao nosso proceder, observando as nossas atitudes, nossos pensamentos, sentimentos e palavras. Eles são sementes que cedo ou tarde, brotarão em nosso caminho. No capítulo 6, Libertando-se das Histórias, temos um homem que se tornou paralítico e soube lidar com a dificuldade e superar o fato. Se tornou um homem que soube lidar com a situação, estudou jornalismo e se tornou um influente líder comunitário na defesa dos direitos dos cidadãos portadores de deficiência física. Interpretou o fato de uma forma positiva e não ficou reclamando. Um exemplo de superação. O escritor usa o termo: ontem, ele era um pigmeu com pernas saudáveis. Hoje, é um gigante numa cadeira de rodas, recusando uma história triste para ele.
No capítulo 7, Sorvete de Palito, fala-se que criança somos criados como "príncipes" e "princesas", crescemos sonhando com nossos "castelos" e quando chega a vida adulta percebemos que não é nada disso, o que nos leva muitas vezes à frustação existencial e a um estado de rebeldia, de não aceitação da realidade. Segundo o psiquiatra Daniel Martins Barros, precisamos ter expectativas mais realistas. Devemos crer que a vida será boa, não perfeita como podemos notar em muitos filmes e séries que parecem verdadeiros contos de fadas. Se abandonarmos o desejo de perfeição das pessoas, das situações e de nós mesmos, seremos capazes de enxergar muita coisa boa em nossa vida. Devemos procurar o nosso aperfeiçoamento gradual, não à conquista da perfeição no "aqui e agora".
A aceitação da realidade é a chave para quem deseja crescer e transformar o que lhe é possível. Deixar o perfeccionismo de lado. No capítulo 8, Cultivar o Espírito Divino em Nós, em um tentativa de simplificar o entendimento do nosso psiquismo, podemos dizer que ele se estrutura em dois níveis: o ego (também chamado "eu inferior") e o "eu superior" ( alguns do denominam de self, "eu profundo" ou "ser divino". O "eu superior" é a nossa essência, a centelha divina, a luz interior, o deus interno, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus, conforme rezam as escrituras sagradas. Segundo Allan Kardec o ego é a fonte do egoísmo e do orgulho, a partir do qual o ego exagera e o "eu" fica intoxicado pelo excesso de si mesmo, nos levando à prepotência, a arrogância, violência, raiva, ressentimento, cobiça, insensibilidade à dor alheia, inveja, medo, ciúme e desamor, de uma forma em geral. Sempre seremos eternos insatisfeitos por causa do vazio interior, impreenchível por qualquer tipo de riqueza material ou vício. O nosso "eu superior" emitirá fortes sinais do quanto nosso alma está desnutrida e distante da sua realidade essencial. Os sinais virão desde avisos de amigos e familiares, intuições do nosso anjo da guarda, mensagens em livros, sonhos, até em forma de doenças, perdas financeiras e afetivas, acidentes, obsessões espirituais... É nesses momentos que costumamos fazer as melhores mudanças em nossa vida. O propósito é curar o ego adoecido, até que ele se aquiete, volte ao seu tamanho natural e trabalhe para os propósitos do "eu superior", aquele que sabe o que , de fato, faz nossa alma feliz. No capítulo 9, Meditação, que serve para o contato do homem com a sua essência, o seu "eu superior". Vivemos em mundo dominado pelo ego que tem fome de supremacia, domínio e controle. É preciso retomar a conexão com o nosso centro interior, nossa alma sábia e amorosa, percorrer o caminho de volta como fez o filho pródigo na parábola contada por Jesus. O filho que se deixou governar pelo ego adoecido desconectou-se da sua essência, abandonou a casa do pai e saiu pelo mundo para viver desregradamente. A meditação, ao lado de outras condutas explicitadas no livro, pode nos ajudar a não sairmos da casa do Pai ou, se já tivermos saído, voltarmos o mais depressa possível, a fim de evitar o sofrimento pela distância do nosso centro divino.
A meditação é uma terapia que nos convida a um caminho de contato com a alma, um olhar para dentro, a fim de encontrar, sentir e viver a nossa essência divina, o Reino de Deus em nós, a criança interior como símbolo de ternura, pureza e amorosidade. Enquanto na oração, o caminho é do homem para Deus, na meditação, o caminho é de Deus para o homem. No capítulo 10, Ir Para Onde?, fala no fato de vivermos o presente. Pelas palavras de Jesus, deduzimos que nossa maior atenção deve se dirigir para o momento presente, o agora, o dia que precisa de cuidado. Há muita gente "vivendo" do passado e no futuro. Está aí o porquê da existência de tanta depressão (excesso de passado) e de de tantos transtornos de ansiedade (excesso de futuro). Tem a menção do guru Eckhart Tole que escreveu o livro O Poder do Agora, que foi resumido aqui no blog. Quanto mais ego, mais atenção ao passado e ao futuro e menos cuidado com a vida presente. As pessoas se prendem ao passado, às magoas e decepções e não seguem em frente...Jesus falava em buscar o Reino de Deus que existe dentro de cada um de nós, que nada mais é do que a conexão com o "eu superior". No capítulo 11, Com a Vida de Novo, o erro é inseparável da experiência humana. Nem sempre, porém conseguimos enxergá-lo com sabedoria. Precisamos do alerta do sentimento de culpa a respeito do equívoco praticado. Precisamos desse alarme consciencial para percebermos e refeltrimos a conduta tomada. Muitas vezes a culpa se torna um carrasco para nós, definindo negativamente toda a nossa história por uma única queda. Carecemos de olhar nossos erros com amor: afinal, o apóstolo Pedro disse que o amor que cobre uma multidão de pecados. Devemos ter humildade perante nossas imperfeições, compreensão de nós mesmos, paciência e amor para conosco.
Um trecho de um ensinamento do monge zen-budista Haemin Sunim:" Em vez de escolher levar uma vida em que não faz nada por medo de errar, escolha uma em que se aperfeiçoe com o fracasso e a dor. E grite bem alto para si mesmo e a sua luta: "Eu te amo demais.""
A culpa funciona como uma espécie de compensação emocional mórbida para justificar a permanência do indivíduo no engano. Como ele não tem a vontade firme de modificar a sua conduta, porque acredita que algum ganho esteja obtendo com ela, prefere se culpar a se corrigir. Nessa hipótese, é preciso um olhar sincero para si mesmo e reconhecer que, ao longo do tempo, a permanência no erro cobrará um preço bem mais elevado e sofrido do que o esforço da transformação interior. A culpa é uma das formas de nos prendermos ao passado, é um olhar fixo no que já ocorreu e algo que não pode ser mudado. No capítulo 12, O trabalho espiritual mais importante, o autoconhecimento revela ao ser as suas possibilidades e limitações, abrindo-lhe espaços para renovação e conquistas de novos horizontes de saúde e plenificação, sem consciência de culpa, sem estigmas, de Joanna De Ângelis pelo médium Divaldo Franco, no livro "Vida,Desafios e soluções". O capítulo diz que as maiores respostas para os nossos problemas estão dentro de nós. Alland Kardec indagou aos Espóritito de Luz qual seria o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal. A resposta foi enfática: "Conhece-te a ti mesmo", máxima também atribuída ao filósofo grego Sócrates. Somos a pessoa mais indicada a encontrar a saída para os nossos problemas. Ainda que alguém facilite esse processo, como um amigo, familiar, terapeuta ou religioso, somente nós poderemos descobrir a trajetória que fizemos para chegar até o momento difícil em que nos encontramos. "Só eu sei os desertos que atravessei", cantou Djavan. A causa de nossas dores está em nós mesmo. É desconfortável chegar a essa conclusão, mas o auto descobrimento é terapêutico, na medida, em que Jesus, diz que o conhecimento da verdade nos libertará. Nós precisamos nos curar de nossos males e não havendo mais desconhecimento ou negação de nossa sombra, estaremos mais conscientes de que o "eu inferior" dirige a maior parte de nossas atitudes perante a vida. Tal como o doente que, ciente da causa de sua enfermidade, procura dela se afastar. A proposta do autoconhecimento não é gerar culpa ou vergonha diante do reconhecimento da sombra que ainda carregamos. O propósito é trazer luz para a nossa escuridão. O simples fato de reconhecermos que somos egoístas fará com que o egoísmo comece a enfraquecer pouco a pouco. Certamente, ainda levará milênios para que o egoísmo, com todos os seus derivativos, esteja definitivamente superado em nós. O mais importante é nos ligarmos ao nosso "eu maior". Não podemos ter a pretensão de realizar essa transformação em uma única existência. Por isso, temos que aprender a convier pacificamente com nossas imperfeições, aceitando-as, sem contudo, nos acomodarmos a elas. Segundo o guru indiano, Yoagananda: " A maioria das pessoas não muda porque não vê seus próprios erros".
No capítulo 13, Um roteiro para o autoconhecimento, Chico Xavier dá seu depoimento de como praticava o "conhece-te a ti mesmo" - "Antecedendo a oração, que faço todas as noites, tenho por hábito escutar a voz da consciência... Longe da influência das pessoas, procuro ouvir a mim mesmo, analisando, com sinceridade, tudo que fiz durante o dia. Às vezes, fico triste com o resultado da introspecção salutar a que me entrego, mas não me deixo que a depressão me domine" - Chico Xavier
1- Autoconhecimento é uma prática diária
O ideal é que façamos esse ritual ao fim de cada dia, em local que nos possibilite algum tipo de introspecção. É um momento de encontro conosco, sem máscaras e sem julgamentos. Estaremos nos vendo nus no espelho da consciência: por isso, o autodescobrimento pede constância, intimidade, respeito e cumplicidade para conosco.
2- Comece com uma prece - É a maneira na qual nos ligamos com Deus, pedindo que Ele nos auxilie nesse trabalho de mergulho interior. Por meio da oração, seremos amparados e intuídos por nosso anjo da guarda, o qual nos trará a inspiração necessária para enxergarmos o que for preciso, sem distorções.
3- Escute a voz da inteligência - O Espírito Santo Agostinho propõe que nos façamos três questionamentos: "Examinai o que pudésseis ter feito contra Deus, depois contra o próximo e por fim contra vós mesmos"
4 - Não se deprima - Tal qual ocorreu a Chico Xavier, é muito provável que venhamos-nos a nos entristecer ao tomarmos contato com a nossa sombra. Impossível não sentir um desconforto emocional, consequência da constatação de que somos menores do que acreditávamos ser. Nesse momentos, estejamos firmes, suportando a dor, sem cairmos em culpa ou depressão.
Segundo o livro Espelhos da Alma: Uma jornada terapêutíca: "Quanto mais nos conhecermos, mais seremos tomados pelo sentimento de pequenez, de limitação, de simplicidade que mais nos aproxima uns dos outros, e mais nos aproximará de Deus".
No capítulo 14, O que fazer com a sombra?, no livro Em Busca da Verdade de Joanna Ângelis através do médium Divaldo Franco: " A sombra que existe no ser humano não deve ser combatida, senão diluída pela integração na sua realidade pessoal." Devemos entender os aspectos de nossa personalidade que não reconhecemos e que consideramos inaceitáveis, porque se opõe á imagem ideal que temos de nós mesmos. O autoconhecimento promoverá, inevitavelmente, o encontro com a nossa sombra, que pode ser desconhecida para nós mesmos ou se, conhecida, provavelmente reprimida, na maior parte dos casos. Nenhuma dessas situações - ignorância da sombra ou repressão da sombra - é benéfica para a nossa saúde psíquica. "Conhece-te a ti mesmo" é tomarmos contato com essa parte antagônica da personalidade, que se oculta nos porões do nosso ser, como se fosse um vulcão interior, um vulcão que, embora oculto, está bem ativo. No capítulo 14, tem um conhecido do escritor que estava em busca de reconhecimento por parte das outras pessoas. Ele passou a detectar essa frustação em seu nascedouro. Provavelmente, quando criança, não recebia reconhecimento dos pais por suas conquistas. Pequenas ou grandes. Ele queria se sentir amado, que em justa medida, é uma necessidade psicológica do ser humano. Deixar a onipotência narcísica ( essa carência de querer ser amado por todos) de lado e saber amar a si mesmo, também proposto por Jesus: é diminuir as expectativas em relação ao amor que vem do outro e trabalhar pela consideração amorosa de si mesmo. Quando a interação ocorrer, é certeiro que, suprida a carência, nosso ser receberá naturalmente a consideração do outro, porque, primeiro, terá encontrado a consideração de si próprio.
De Lucca fala na obra: Segundo a obra de De Lucca, a repressão da sombra não seja possível, porque ela, de certa forma, faz parte de nós: por isso, antes de tudo, ela precisa ser acolhida, entendida e integrada. Ninguém conseguirá chegar ao céu sem tocar os seus infernos. O primeiro passo é aceitarmos como somos e a aceitação dessa parcela obscura do nosso ser, mas sem nos escravizar com o pensamento de que "sou assim mesmo e não mudo".
No Capítulo 15, "Quem São Os Felizes", tem o trecho de abertura "Felizes os pobres no espírito porque deles é o reino dos céus" - Jesus. Felizes os que não se sobrecarregam de preocupações, aqueles que procuram ser leves. Felizes os que se entregam com alegria ao dia presente, apesar das tristezas do ontem e das incertezas do amanhã Os que exorcizaram os seus fantasmas. Felizes os que não têm mania de grandeza. Benditos os que sabem levar desaforo para casa e não perdem o sono por isso. Felizes os que digerem suas frustações. Felizes os que sabem perder. E o que, quando ganham, não humilham o perdedor. Saudáveis os que perdoam. E felizes os que sabem perdoar. Bem-aventurados os fracos de memória quando são ofendidos. Felizes os que se tornam pontes entre as pessoas. E o que mudam de opinião quando preciso. Felizes os que aceitam a diversidade sabem que a verdade não tem um só caminho. E os que não têm medo do novo e do diferente. A primeira de todas as virtudes é a humildade, aquela que abre as portas do céu dentro da gente mesmo.
No capítulo 16, Pegue a Mão de Sua Criança, tem o trecho de abertura: " Amar a si mesmo não é narcisismo ou vaidade excessiva. É simplesmente aceitar as próprias imperfeições e limites, sabendo que ninguém é perfeito. Te amor-próprio é saber que um erro não é uma nódoa que estraga a imagem e a autoestima para sempre. Isso é se amar. As pessoas que têm como principal objetivo na vida conseguir amor me preocupam, porque acho que podem acabar mais como cobradoras do que como distribuidoras. - Rabino Harold Kushner - livro Os Caminhos do Coração, Sextante.
Para Jesus, o mandamento mais importante existente na escrituras sagradas é o amor, sentimento este que foi dividido em três níveis: o amor a Deus, o amor ao próximo e o amor a si mesmo. Muito dizem amar a Deus, mas não amam ao seu próximo: são preconceituosos, individualistas, soberbos, sem nenhuma disposição para tolerar, ajudar ou perdoar o semelhante. É uma hipocrisia. Jesus afirma que devemos amar o próximo tanto quanto nos amamos. Sem o amor a si mesmo é impossível amar ao próximo. Segundo José Carlos de Lucca, a razão pela qual ainda estamos tão distante da vivência do amor entre os homens: a maioria ainda não se ama; dessa forma, não tem para dar o que não tem nem para si mesmo. Um bom método para o exercício do autoamor é o cuidado com a nossa criança interior. Muito provavelmente, ela está ferida, por não ter recebido o amor que desejava, ou não foi capaz de perceber o amor que recebeu. É chegado o momento inadiável de cuidarmos da nossa criança interior.
Capítulo 17, tem como título Nosso Iceberg, Melhore Tudo Dentro de Você, para que tudo melhore ao redor dos seus passos - André Luiz. O nosso mundo interior cria a nossa realidade. São nossos pensamentos e sentimentos, carências e nossos complexos, sonhos e desejos recalcados que direcionam nossas atitudes. Somos governados pela tempestade ou pela calmaria do nosso mundo interior, quando não pela contínua alternância de ambas. O inconsciente é o nosso mundo subjacente, desconhecido por nós, que escapa ao controle da consciência e que influencia a nossa vida, nossas emoções, nossos comportamentos. O consciente representa de cinco a dez por cento de um grande iceberg. A parte visível, acima da linha d´água. A maior parte, a submersa o inconsciente, é desconhecido de nós mesmo, mas não inerte. O material armazenado no inconsciente é fruto daquilo que o consciente esqueceu, censurou ou reprimiu. Para o espiritismo, o inconsciente também traz consigo experiências do espírito imortal em suas vivências passadas. O autoconhecimento nos propicia o contato com o conteúdo interno desconhecido para o campo da consciência, do fundo do oceano para a superfície ( lembra do iceberg? ) da sombra para a luz., e tal movimento já é terapêutico por si só, conforme relatos de Freud e Breuner, pois tem o efeito de liberar a emoção aprisionada. A conversa com um amigo de confiança, com que possamos abrir nosso coração, o diálogo com o terapeuta religioso da nossa fé, a participação em grupos de apoio para falarmos de nossas angústias. Tudo isso sem dispensarmos a ajuda terapêutica especializada do psicólogo, psicanalista ou psiquiatra. Segundo o psiquiatra Carl Jung: " Eu não sou o que me acontece, eu sou o que escolho me tornar". Vivemos as nossa dores enquanto não tivermos o propósito de curá-las.
No capítulo 18, Vozes do Espírito, temos uma das mais lindas e profundas mensagens de Chico Xavier, que segundo ele, a mensagem foi psicografada em reunião íntima de preces e o mensageiro que a escreveu se apresentou num ambiente de grande elevação, tendo se identificado e assinado o comunicado apenas com as palavras "O Espírito" na mensagem Vozes do Espírito, que é constituída de 30 frases, uma síntese primorosa dos mais belos ensinamentos espirituais de que se tem notícia. O autor escolhe algumas frases para reflexão. Ele reflete a respeito do tamanho do universo, na existência de outras galáxias, outros mundos, dos "buracos negros" e universos paralelos. O autor é levado a refletir quantos caminhos ainda temos a percorrer, por quantas experiências ainda precisamos passar, em quantas viagens temos que fazer, as crises existenciais, precisando nós aprender a derrubar cercas que a nossa limitada visão colocou ao redor de nós, precisamos "pensar fora da caixinha", sair do lugar comum. Fala que a imortalidade é a minha vida ( a imortalidade de nossos entes queridos) e um dos nossos objetivos nesta vida é amar, que é a nossa lei. Resta a mim, saber se o amor faz parte da minha vida e jornada. Fala dos tesouros do céu que devemos acumular, não os tesouros da Terra. Nossos entes queridos vivem, trabalham, estudam e se relacionam nas outras moradas existentes na cada do Pai, conforme afirmou Jesus.
O autor pegou outras cinco frases da mensagem, nos mostrando a ideia de que Deus tem um projeto pedagógico ( não sei se tem a ver com o planejamento reencarnatório do livro Missionários da Luz de André Luiz) para seus filhos. Fomos criados na condição de espíritos simples e ignorantes (destituídos de conhecimento) e a perfeição é nosso destino, embora seja um destino ainda consideravelmente distante da nossa atual condição evolutiva. E a evolução não é de uma hora para a outra. ( é de tijolo a tijolo, conforme termo usado no livro). As experiências são as lições da escola da vida em que estou matriculado e na qual sou um aprendiz. O erro também faz parte dessa experiência, pois, muitas vezes, é a partir dele que chegamos ao acerto. Não tenhamos o receio de errar: apenas não repetir os erros antigos, pois pode atrasar a nossa viagem. Ouvindo a voz do Espírito, na escola da vida, surgirão obstáculos, e que não é possível apenas viajar por mares calmos e estradas asfaltadas. Jesus fala para termo coragem e perseverança diante dos obstáculos.
De outras 3 frases da "voz" temos a abordagem do nosso passado que é nossa advertência, de onde devemos retirar as lições das nossas quedas, a fim de não voltarmos a cair nos mesmos buracos. Se tivermos que cair, que sejam em buracos novos, brinca. Menciona mais uma vez a importância do autoconhecimento para não cair em ciladas. O futuro é apenas uma promessa, uma expectativa. O presente é a nossa realidade, disse o Espírito, falando que é apenas no presente que a vida existe. Mas pode existir um problema: a não aceitação da realidade, tal como ela se apresenta, ficando o indivíduo de mal com a vida, como já mencionado em capítulos anteriores. Sem aceitação da realidade, eu não consigo aprender o que necessito, eu não consigo parar de formular a angustiante pergunta: "por que é que isso foi acontecer comigo?", em vez de indagar "para quem fim isso aconteceu?". Eckhart Tolle afirma no livro O Poder do Silêncio já resumido aqui no blog Miguel Calil no Mundo Espírita:
"Mesmo nas situações aparentemente mais inaceitáveis e dolorosas existe um profundo bem. Dentro de cada desgraça, de cada crise, está a semente da graça"
Saiba que as tempestades passam... Ouçamos as vozes do Espírito.
No capítulo 19, Onde está a Cura?, temos a abertura do ex-médico Bezerra de Menezes, que atua na medicina na espiritualidade: " Tranquilize o campo nervoso, descanse o pensamento na prece e no trabalho do bem e use a serenidade mental como remédio edificante. Cuidado para consigo mesmo no sentido de preservar a sua paz, em favor da própria saúde!". Neste trecho, aborda-se a importância e a relação íntima que se faz entre saúde e paz, como se a primeira não pudesse existir sem a segunda. Não basta remediar o corpo físico; é preciso também sanar as emoções doentias, restabelecendo a paz íntima. A doenças vem do espírito para o corpo. O corpo e espírito estão interligados a tal ponto que todas as nossas emoções, sejam elas boas, ou ruins, são compartilhadas pelas células. Segundo Emmanuel: "Os verdadeiros males procedem do coração". O capítulo aborda a questão de pessoas que perderam a vontade de viver, por diversos motivos. Algo que pode desencadear diversas doenças, como os sentimentos de raiva, ódio, mágoa, frustação, culpa, decepção, inveja, ciúme, desamor. Ainda na escada evolutiva, estamos longe de ser anjos, pois somos seres humanos; por isso, ainda experimentarmos todas as sensações, derivadas do nosso "eu inferior ou ego adoecido". Viemos ao mundo para trabalhar as inferioridades que nos adoecem, que roubam a nossa paz e que nos distanciam do amor. Como nossa atual condição evolutiva se caracteriza pelo predomínio do "eu inferior" sobre o "eu maior ou eu superior" (capítulo 8), é previsível que ainda carreguemos sentimentos egóicos que estejam afetando nossa saúde.A nossa evolução ou extinção do mal dentro da gente é um trabalho progressivo, que ainda levará muitos séculos, o que não significa inércia diante de nossas sombras. É bom saber onde estão as nossas sombras para não sermos dominados pelos sentimentos do ego adoecido. Devemos nos tornar uma pessoa que não fica ofendida com tudo e buscar o autocontrole. Neste capítulo entra mais uma vez a famosa frase de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo". O autoconhecimento não é uma jornada para fracos! Segundo De Lucca, ninguém conhecerá a luz se não passar pela escuridão. Ganham relevo, nesta ótica, as propostas terapêuticas de Jesus, as quais representam um chamado do nosso "eu maior", do nosso "Cristo interno", na conciliação com os nossos adversários, no perdão das ofensas, no oferecer a outra face, no amor por nós mesmos e pelo próximo, no levantar e seguir depois de nossas quedas, no não voltar a pecar, no não julgar, na fé que remove montanhas, em viver intensamente o dia de hoje, não olharmos para trás nem nos preocuparmos apenas com o dia de amanhã. em sair de nossos túmulos, em nascer de novo para entrar no Reino de Deus. Algumas pessoas já perceberam que o milagre está dentro delas mesmas, e passam a ter um novo olhar sobre a existência, entendem que a doença é uma professora que veio nos ensinar que algo estava faltando em nossas vidas, e procuram atender ao chamado que vem do inconsciente. Aí fazem grandes transformações positivas e, enfim, entram no estado de paz interior. São geralmente essas que se curam, ou se não se curam por completo, vivem mais e melhor. Quebram a casca do "eu menor" e deixam o amor entrar.
No capítulo 20, A Coragem de Recomeçar, mostra que o "derrotado" não é aquele que sofreu alum revés na vida, que perdeu alguma oportunidade, que fracassou em algum tentame, que não atingiu suas metas. Fala que na vida não existe experiência que possa ser considerada como um ponto final na possibilidade de recomeço. Todo amanhecer é um dia de recomeço, afinal somos alunos na escola da vida. O erro, o fracasso e o insucesso são como etapas da nossa evolução que é de natureza imperfeita, frágil e inacabada. Os fracassos servem como aprendizado. Preferimos a reclamação e a revolta contra aa vida, e, com isso viramos presas da inércia, que nada nos acrescenta em termos de aprendizado e transformação. Platão disse: "Uma vida não questionada não vale a pena ser vivida". Fala do negativismo e do abandono de nossos projetos com os primeiros insucessos. Não confiamos no amparo divino, tampouco acreditamos em nós mesmos. Disciplina não é apenas organização de tempo; é clareza de objetivos perante a família, é priorização daquilo que é importante em nossa vida, é esforço para suprimir obstáculos, é persistência quando surgem as dificuldades, é aprendizado com as derrotas para chegar à vitória!
No capítulo 21, Qual é o seu nome?, temos na abertura um trecho do Evangelho de Marcos: "Com efeito, Jesus lhe disse: Sai desse homem, espírito impuro! E perguntou-lhe: Qual o seu nome? Respondeu: Legião é meu nome, porque somos muitos". Aborda-se no capítulo, a questão da obsessão espiritual. E José Carlo de Lucca frisa que a obsessão espiritual já é reconhecida pela Medicina, segundo o Código Internacional de Doenças. A tendência de quem não é espirita é acreditar que os "mortos" estão mortos, excluídos da vida, quando na verdade, continuam vivos em outro plano de existência ( no 4D ou outra dimensão), mas se inter-relacionando, em algum grau, com a população encarnada. A maior parte dos espíritos que partem daqui ainda permanecem ligados aos interesses terrenos. Eles não conseguem e nem almejam alcançar regiões espirituais mais elevadas. Alguns sentimentos ruins nossos como vingança, maledicência, rancor, entre outros, acabam se tornando tomadas de ligação com espíritos que vibram na mesma faixa de sentimentos negativos.
Toda obsessão espiritual, portanto, nasce de uma auto-obsessão. Quem quiser se ver livre das interferências espirituais precisa se autoconhecer, para identificar os "demônios" que carrega em sua mente e coração e está atraindo estes espíritos de baixa elevação.
No capítulo 22, Nossa Cabana, o dr. Bernie Siegel, médico renomado nos Estados Unidos, professor de Medicina, e uma das maiores autoridades no campo da medicina mente/corpo faz uma estrondosa afirmação: o amor cura! Para ele, a falta de afeição ou então, de amor apenas condicional, levam à exaustão e á depresssão do sistema imunológico. Sem o amor, a vida fica superficial, limitada, empobrecida, adoecida. Por isso, a enfermidade é um claro sintoma de que está faltando mais afeto em nossa vida, mais carinho, mais ternura, amizade, cuidado e atenção, expressões genuínas de amor. E nos tira a sensação de desamparo. Segundo Chico Xavier, "Quem ama verdadeiramente quer a felicidade da pessoa querida". Amar é querer bem o outro, é um bem-querer, desejar que a felicidade não seja apenas a minha, mas que o outro também seja feliz, e fazer o que estiver ao meu alcance para que isso aconteça. Jesus trouxe a visão de que somos filhos do mesmo Pai; portanto, somos todos irmãos, ligados por laços espirituais. Um irmão é uma parte de mim; assim, o que faço a ele, faço a mim, porque eu estou nele e ele está em mim. Segundo Jesus: Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o a ele, pois esta é a Lei e os Profetas." Quando estou ajudando alguém, estou ajudando a mim mesmo. O perdão que concedo ao agressor dissolve as minhas agressões. E tem também o auto-amor, que é o amor que damos a nós mesmos. O mais indicado é que cada um dê amor a si mesmo, fazendo por si o que espera que o outro lhe faça.
No capítulo 23, Olhando-se no Espelho, tem na abertura um trecho de André Luiz do livro Agenda Cristã, psicografado por Chico Xavier: "Não acuse os espíritos desencarnados sofredores, pelos fracassos na luta. repare o ritmo da própria vida, examine a receita e a despesa, suas ações e reações, seus modos e atitudes, seus compromissos e determinações, e reconhecerá que você tem a situação que procura e colhe exatamente o que semeia."
Vou fazer um breve resumo deste capítulo, falando que não devemos culpar os espíritos pelo nosso fracasso e buscar o auto-conhecimentos para superar as vicissitudes da vida.
No capítulo 24, Nossa Maior Missão, fala-se que o Homem tem realizado conquistas importantes no campo das cieências, de benefícios inegáveis, porém do lado afetivo, o homem ainda vive quase que encapsulado pelo orgulo e pelo egoísmo. Vale lembrar da miséria, guerras, preconceitos, corrupção, crimes, trapaças, devastação da natureza, violência, indiferença social, doenças, maledicência, intrigas, inveja, abandono, maus tratos. Não apenas no âmbitos político, mas nas vias públicas, nas escolas, nos lares, nos trabalho, e em diversos setores da sociedade. Enquanto vivermos nesse nível de consciência ainda infantil, limitado, separatista, competitivo, predatório, bélico e individualista, viveremos uma guerra constante. Chegou o momento inadiável de uma grande revolução na Terra. Vale lembrar que vivemos, segundo o espiritismo, em um mundo de provas e expiações, e estamos indo nas proximidades de 2057, para um mundo de regeneração. Não é uma revolução das armas, mas aquela que acontece no íntimo de cada um de nós, por meio da amorosidade. Jesus teve compaixão da multidão sofredora. A dor de cada um o constrangia. Foi por isso que ele, compadecido, foi capaz de amar quando enxugou lágrimas, consolou aflitos, curou enfermos, alimentou famintos, amparou equivocados. Segundo José Carlo de Lucca, sem compaixão, não conseguiremos jamais nos relacionar positivamente com qualquer pessoa. A felicidade genuína vem do que somos, e não do que temos. Jesus trouxe uma nova era para a humanidade, a era dos sentimentos superiores, um nível de consciência expandida. O egoísmo separa; o amor une.
No capítulo 25, No Topo da Montanha, temos uma abertura com o líder espiritual tibetano Dalai Lama dizendo: "O que é meu inimigo? Eu mesmo. Minha ignorância, meu apego, meus ódios. Ai está o meu inimigo." Geralmente, procuramos nossos inimigos fora de nós, esquecidos, todavia, de que o mais temível adversário somos nós mesmos! A solução é culparmos terceiros, na tentativa de nos esquivarmos de qualquer responsabilidade pelo que nos ocorre. Características de pessoas felizes: elas são maduras, assumem responsabilidades por seus atos, pois já abandonaram a postura infantil de culpar o mundo pelos seus problemas. É preciso uma dose diária de humildade para aceitar nosso desconhecimento sobre muitas coisas e esforço para diminuir a nossa quase cegueira.... A ignorância de nós mesmos é muito prejudicial porque não nos permite identificar nosso potenciais nem nossas fragilidades. Desconhecemos tanto a nossa luz quanto a nossa sombra. Não conseguimos perceber que os problemas que nos atingem, na maior parte das vezes, estão relacionados ao nosso modo disfuncional de pensar, sentir e agir. Defende-se no livro a necessidade do autoconhecimento. No capítulo 26, Dentro de Mim, aborda que parece que a felicidade nunca está conosco, é sempre algo distante e, muitas vezes, difícil de encontrar. Nós distanciamos a felicidade de onde nos encontramos, e sempre a procuramos onde não estamos. E fazendo isso não apenas com os ambientes e as pessoas com quem convivemos, mas também, e principalmente, com a pessoa que somos. Provavelmente, esse distanciamento de nós mesmos, começou lá na infância, com a percepção da ausência de afeto, prática de abusos ou negligência por parte dos cuidadores, o que nos levou a crer que não éramos bons o bastante. Então, para sobrevivermos, fomos nos tornando outra pessoa, com o objetivo de agradar àqueles que cuidavam de nós e tornarmos queridos. Perdemos os contato com a nossa essência e acabamos criando um falso "eu", dissociado de nós mesmos. Como se falou no capítulo 16, é preciso curar a criança que chora dentro de nós. Curar é cuidar! E a pessoa mais indicada para cuidar de nós somos nós mesmos. Aceite-se como você é, sabendo que há espaço bastante para crescer. Aprecie a própria companhia. Procure escutar os próprios sentimentos e atendê-los tanto quanto lhe for possível. Nossa iluminação espiritual é a autodescoberta de quem somos, não apenas das nossas imperfeições momentâneas, mas, sobretudo, da nossa essência divina, do ser imortal, da centelha de luz, do amor em nós! Não se compare a ninguém...José Carlos de Lucca diz que não acredita em nenhum processo de transformação de vida que não comece de dentro para fora.
No capítulo 27, Raio de Luz, tem uma citação de Emmanuel: "Há muita gente que te ignora. Entretanto, Deus te conhece. Companheiros existem que te reprovam. Mas Deus te abençoa. Surge quem te apedreje. Deus, no entanto, te abraça. Aparece quem te abandona. Entretanto, Deus te recolhe. Há quem te fira. No entanto, Deus te restaura. Seja qual for a dificuldade, faze o bem e entrega-te a Deus." O capítulo fala que nem sempre seremos notados, valorizados. Algumas vezes, aliás, seremos completamente ignorados. Segundo o escritor e psicólogo Marcos Lacerda em seu canal no YouTube, todos nós, ao longo da vida passaremos por rejeições e está tudo bem. Não devemos muitas levar para o lado pessoal. O autoconhecimento entra mais uma vez neste debate. O remédio espiritual para esses momentos é lembrar que, se os homens me ignoram, Deus me conhece! Deus sabe quem sou! Deus sabe que existo e do que sou capaz! E nós devemos acreditar em nosso potencial. Nós somos um ser único e original. Na hora da solidão, Deus nos faz companhia. No momento em que o mundo nos vira as costas, Deus está bem diante de nós. Entrega aos vícios em geral, ao derrotismo, ao suicídio, não nos leva a nada. Somente em Deus encontraremos as portas verdadeiras, que nos levam à cura de nossa dor. Deus espera apenas aa nossa entrega. A dificuldade talvez não desapareça, estará lá, no mesmo lugar, mas nós já não seremos mais os mesmos, aquilo já não será mais problema para nós.
No capítulo 28, Sabe o que eu mais quero agora?, temos a seguinte frase do psicólogo Robert Holden no livro " Felicidade Já": " A busca da felicidade já trouxe muita infelicidade".Um dos seus pacientes, Michael, um homem rico, famoso, de meia-idade e completamente infeliz. Mas como assim? Buscamos a riqueza, a realização profissional, constituir família e não vem a felicidade. Michael depois de muito cansaço, descobriu onde de fato, a felicidade se encontrava. Querer ser feliz não é um engano; é uma aspiração natural e desejável do ser humano. O problema surge quando essa busca nos levar a crer que a felicidade está em um lugar diferente de onde nos encontramos. Uma felicidade que se projeta para fora de nós. A felicidade está dentro de nós. Não em algo ou alguém. Segundo José Carlos de Lucca, ele não desmerece o esforço que cada um faz para ter uma vida digna e confortável. Mas é preciso reconhecer que bens materiais e prestígio social não nos garantem a felicidade, e o exemplo de Michael é prova disso. Ele tinha uma vida de exuberâncias exteriores, mas de mendicância interior. Nenhuma riqueza, nenhum poderm nenhuma fama, nada disso conversa com as legítimas necessidades da alma. Taí a proposta de Jesus, ao dizer que o Reino de Deus está dentro de Nós. O que devemos fazer é parar de buscar a felicidade lá fora e no depois. E voltarmos para a nossa casa interior.
No capítulo 29, O que está faltando?, a mensagem do guru indiano Yogananda: " Minha benção está com você. A benção de Deus está com você. Só está faltando a sua benção". Abençoar é projetar a benção a outrem, desejar-lhe todo o bem. Deus nos abençoa a todo instante, pois Ele é o amor que não cessa. Todos os dias, o Pai derrama uma chuva de bençãos sobre nós, muito embora quase sempre não estejamos sintonizados com as frequências do amor divino. Aqueles que nos querem bem também emanam boas energias para nós, por meio de palavras, pensamentos e sentimentos. Alguns sentimentos negativos que temos criam um campo energético contrário às bênçãos que nos são enviadas pelos que nos amam. Tem que ter coincidência de vibração. Segundo a escritora e terapeuta Louise Hay, ela que passou por momentos difíceis na infância, somente se curou quando parou de amaldiçoar sua vida e a das pessoas que a prejudicaram. Quando ela abençoou seu passado, o corpo voltou ao sue estado natural de saúde.
No último capítulo do livro, capítulo 30, Meu Divã, fala da procura por uma analista e ao analista amigo falou de "desconexão interior". Ele fala que havia rompido a sua ligação com a essência, com o seu centro interior, amoroso, passando a viver exclusivamente das máscaras que ele havia se posto para receber aplausos, o afeto, a aprovação, a consideração, o apoio e o elogio dos outros, ainda que mesmo assim tenha que ser infiel aos seus sentimentos. Somente a visão reencarnacionista responderia a essa questão: ele havia trazido para esta vida as heranças egocêntricas do passado. Ele vivia uma paradoxo: durante suas palestras, era alguém muito aberto, franco, expansivo, confiante, o contrário de como agia fora do palco. Ele perguntou ao analista se ele não estaria usando uma máscara. A resposta foi enfática: Você usa máscaras na vida cotidiana; no palco você é a sua essência, o melhor de você!". O analista do Belchior disse que o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual. Foi percebendo que, quanto mais autêntico e autônomo eu me torno, mais as pessoas me respeitam e admiram. Descobriu que o mundo quer a nossa originalidade, quer os nossos talentos desenterrados, quer a nossa essencialidade, a nossa independência. Viemos ao mundo para fazer brilhar a nossa luz, como propôs Jesus. Tomar conta da criança ferida, ajudando-a a crescer, tornar-se madura para lidar com a realidade da vida, com todas as potências da alma. Exorcizar os demônios, enterrando os mortos, relativizando as ocorrências infelizes, descontruindo os complexos e assumindo o papel que nos cabe no mundo. Nos tornando uma pessoa melhor, mais fácil de lidar, sem tantos melindres, irritações e perfeccionismo.
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