Por Miguel Calil
16 de agosto de 2024
Prazer de Viver - Conquista de quem cultiva a fé e a esperança pela Editora Dufaux através de mensagens do espírito de Ermance Dufaux pelo médium Wanderley de Oliveira foi uma indicação da professora da Oficina de Sentimentos, Erika Federizzi do GEAL (Grupo Espírita André Luiz ). O livro fala basicamente da crise de meia idade, entre 35 anos e 55 anos, em pesquisas por instituições de nosso plano que asseguram que aproximadamente, 85% dos reencarnantes, levam, pelo menos a metade do tempo de suas reencarnações, para começarem a identificar-se com seu planejamento pré-reencarnatório, isto é, com suas reais e mais profundas necessidades de aprimoramento espiritual.
Verificam-se, com certa frequência, algumas crenças que ganharam popularidade na comunidade doutrinária espírita, acerca da definição de verdadeiros espíritas, tais como "almas com conhecimento bastante para não se deprimir, "criaturas que só podem acertar", "pessoas que devem agradar a todos", "espíritos que não podem perder tempo" e "devem ser rápidos". Entretanto raros conseguem se enquadrar, espontaneamente nesses modelos éticos elegidos como referenciais de autenticidade espírita.
Nesta faixa etária homens e mulheres atravessam crises de intensa avaliação da existência. Psicologicamente, é a fase em que o inconsciente regurgita todas as feridas não curadas na infância e na juventude. Um fenômeno natural do amadurecimento do ser. Crenças e valores são sacudidos drasticamente sob o vendaval das transformações inadiáveis, para que descubramos nos caminhos a mais cobiçada das conquistas humanas: o prazer de viver. Vale lembrar que muitas família, geralmente famílias conservadoras ( não vamos generalizar) obrigam e fazem a cabeça dos filhos para seguirem a carreira dos pais. Prazer de viver é ter o coração preenchido de esperança. Com a esperança, tornamo-nos mais realizadores, espontâneos e menos racionais. As verdades ideais, como se refere Jung, nessa busca pelo prazer de ser e existir, irão desmoronar. A maior perda de todas será a perda de quem achávamos que éramos. A morte da auto-ilusão, isto é, a desilusão. Aquilo que pensamos sobre nós, será por certo, um dos maiores desafios nesse circuito de amadurecimento. Prezar de viver é entender que a crise da meia -idade significa não só o desafio das descobertas dolorosas, mas além de tudo, o convite da vida para tomarmos posse se escondem no mundo inconsciente de nós mesmos. A travessia pede calma. É preciso calmaria para saber a hora de decidir e escolher.
O Capítulo O Poder da Resignação fala que ser resignado não significa viver sem sofrer, negando o sofrimento. Essa atitude, quase sempre, é a recusa inconsciente dos sentimentos, uma defesa perante as agressões da dor. Mecanismos defensivos que aliviam a angústia de nosso sofrer. Contudo, os que verdadeiramente são resignados, vão além e colocam-se imunes às mágoas e ás revolta em razão do amplo poder de aceitação e compreensão, decorrente da análise positiva que fazem sobre suas experiências, valores e imperfeições. Aldous Huxley afirmou: " Experiência não é o que acontece a você. É o que você faz com o que acontece a você." Sem dúvida, a resignação é o caminho para ser feliz, porque felicidade é uma questão de construção íntima da visão iluminada sobre o existir, e quem aprende a existir adquire a sabedoria de compreender e aceitar."
O Capítulo Humanização, uma proposta de Educação Emocional fala que humanizar é promover-se à condição de administrador ativo dos valores superiores que se encontram adormecidos no cosmo interior. É vencer esse automatismo que nos impede de colocar a inteligência a serviço do crescimento integral. É utilizar a informação para efetuar a transformação. Humanizar é sentir o outro e perceber o que ele sente, é estar em relação educativa com o próximo. Ninguém pode ficar negando o que sente e esperar ser feliz. Humanizar é vencer essas defesas instintivas, assumir a luta contra nosso complexo de inferioridade espiritual, e partir para uma batalha sem trégua na tarefa de melhoria e aprimoramento. Vencendo medos, frustrações, culpas e outros monstros emocionais.
O auto-amor, no entanto, nos inclina a nos aceitar como somos e, com base na proposta de educação espiritual. buscar com autenticidade os caminhos de libertação e paz. As condições da felicidade são saber quem somos, saber lidar com nossas forças afetivas, e adquirir domínio sobre elas. Isso solicita uma pródiga atitude de tolerância. Árdua tarefa nos aguarda nos campos da reeducação. Estamos sendo convocados a aprender a profunda lição de cultivar interesse pelo outro, entendendo-se esse outro como sendo todas as criaturas da criação.
Eis a questão central de nossas reflexões: como renovar o sentimento de interesse pessoal, para o sentimento de interesse universal?
Humanizar é focar no coração. É temperar nossa convivência com emoções de alegria e gratidão, dando encanto e luz aos nossos momentos uns com os outros, antes os lances da vida.
Tem o capítulo Sopro de Esperança, que temos uma mulher de 40 anos, mãe de duas jovens, que passa por momentos turbulentos em sua vida e a espiritualidade vem ajudá-la. Graças á uma tarefa socorrista em uma noite da espiritualidade, os socorristas puderam tirar os três vibriões de seu sistema nervoso. Segundo o blog Centro Espírita Amor e Caridade Santarritense, larvas astrais ou vibriões psíquicos são formas pensamentos semelhantes a micróbios físicos, criados pela viciação mental e/ou emocional da consciência, em atitudes, pensamentos e sentimentos desiquilibrados. Esta mulher se mataria, mas a espiritualidade a impediu.
Tem o capítulo Raízes do Melindre, que fala que crianças excessivamente cobradas na infância crescem adultos perfeccionistas que não querem conviver com a frustação e a crítica que se lhes tornaram dolorosas e enfadonhas. Para elas, errar e ser criticado são sinônimos de serem menos amadas, porque nessa relação repressora com os pais, aprenderam que só eram queridas quando cumpriam com as exigências e expectativas dos genitores ou então , porque desenvolveram a crença de que somente sendo impecáveis poderiam ser aprovadas por alguém.
Na multiplicidade das causas do melindre encontramos também aqueles que usam a mediunidade como um palanque pessoal para o cultivo do prestígio. Médiuns, em qualquer etapa de sua tarefa, aceitam de bom grado as apreciações sobre sua produção mediúnica e, mesmo no caso dos juízos apressados ou interesseiros, tenham muita calma, para receber as ideias alheias sobre sua tarefa. Quaisquer reações intempestivas de indisposição ou revide podem ser sinais da presença sutil das insinuações melindrosas. Com auto-amor sempre encontraremos caminhos ricos de opção para a atitude sadia que edificar a plenitude e a alegria.
Somente a qualidade imbatível do desejo de aprender, seguido da incansável disposição afetiva de servir incondicionalmente sãos os louros com os quais as almas imortais podem contar, para criar o campo mínimo de segurança e bem estar para ser melhor.
O capítulo Sentimento Inconfessável aborda a questão da inveja que é um mecanismo psicológico do ego, dentre muitos originados do sentimento de egoísmo, cujo objetivo é a disputa neurótica para alguém. Constitui mais uma das atitudes de não aceitação e desajuste com a nossa real condição interior.
Porém, nesse ato, quando surge a presença da frustação, da malquerença, da ameaça, do sentimento de inferioridade que nos causam, um estado de mal estar, então temos a condição invejosa. Nesse contexto, o próximo é analisado como um vitorioso oponente. Suas conquistas nos incomodam e nos fazem sentir pequenos. O brilho nos intimida. Partimos, então, para formas defensivas com a quais procuramos diminuir a luz alheia. Estamos há tanto tempo afastados da benevolência que, ao experimentá-la, sentimos-nos as melhores e maiores criaturas da vida. Quanta dissensão e melindre, quanto fracasso e obsessão por conta da competição velada entre seareiros.
A competição continua na sutileza das atitudes humanas. Os estímulos da mídia e da sociedade competitiva somados à experiência de capricho pessoal, levam muitos corações. inclusive nos ambientes espíritas, a disputar os primeiros lugares em combates envernizados sem abertura para concessões, criando climas não amigáveis e cisões dispensáveis que o dialogo sincero, seguido da honestidade emocional, poderia evitar.
A inveja é dos sentimentos que menos confessamos a nós mesmos. É uma das várias artimanhas do ego para nos manter protegidos da terrível sensação de vulnerabilidade, impotência e pequenez. Invejamos o que o outro tem ou é, quando não amamos o que somos e temos. Não nos amando, passamos a fazer comparações sistemáticas. Invejar não resolverá os vazios que sentiremos de não galgar os degraus que já gostaríamos de ter logrado. A verdadeira tarefa espírita não está fora, mas no íntimo. Aprender com o sucesso alheio, ter metas de progresso material , compreender as aptidões que admiramos em outrem, respeitar a experiência e alegrar-se com a vitórias dos outros são caminhos de admiração, isto é, a direção educativa para os sentimentos despertados ante os valores que nos cercam na convivência. São os estímulos para crescer .
Somente os que se amam e conhecem seus potenciais, valores e aptidões olharão a vida e o próximo com alteridade, prezando as diferenças como louvor, reconhecendo que cada um um deve florescer onde e como se encontra, descobrindo sua missão gloriosa perante a vida, distante do ato de invejar. Segundo Allan Kardec: " O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se"
Vo capítulo Projeto de Religiosidade na Promoção Humana tem um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo - capitulo VIII - item 10 que fala" O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. Ora, este não chega a Deus senão quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo".
Religiosidade é o conjunto das atitudes, ideias e sentimentos afinados com as diretrizes das Leis Divinas e ou Naturais. A adesão voluntária à religião universal da caridade é a fonte de permanente revitalização do afeto e do amor. Com ela adquirimos o espírito renovador que resgatará os ambientes de simplicidade e júbilos incontáveis para nossas casas espíritas, sob o influxo da convivência educativa.
O psiquismo religioso como natural formação cultural ainda é ostensivo no que tange a delinear as plataformas de ação do Centro Espirita. Todavida, nossas casas de consolo são convocadas a se promover a centros educativos da alma. A tarefa do Centro Espírita não deve se circunscrever a amenizar as lutas humanas. A humanidade precisa de educação, tanto quanto de conforto afetuoso. Não basta aliviar as dores é indispensável ensinar a construir a felicidade. Nenhum projeto educacional pode desconsiderar a singularidade humana, sendo, portanto, sob análise construtivista, contraproducente aderir a convenções que raiam para rigidez e estrangulam a criatividade, a alteridade.
Os núcleos doutrinários da atualidade têm como urgente e indeclinável tarefa auxiliar o ser humano na matriz de todas as doenças, a doença-mãe chamada de doença do sentido, ou seja, a incapacidade de dar um significado últil e prazeroso a sua vida.
A propósito? O que é a fé? Por que a fé é tão importante para dar um sentido à existência? O prazer de viver está intrinsicamente conectado a esse tema. E o prazer de viver é a maior conquista das pessoas livres, felizes e conscientes. O mais importante que a doutrina espírita, são os laços de afetos com o próximo. Devemos lembrar que esse engano do coração de fantasiar onde existe a Verdade, foi o que nos levou a dois mil anos de desprezo à proposta de Jesus, a qual somente agora começamos a sentir o valor. Na intimidade amargam o frio das rudes provas por meio dos sentimentos de dúvida e adiam as suas chances pessoais de romper com as envelhecidas barreiras, entre o que pensam que são, e aquilo que realmente os esperam no país da Verdade Imortal.
No capítulo significado da Caridade, fala que a caridade é a alma na criação. porque alimenta ao Engenho Divino e Universal pela cooperação e permuta. Caridade é o movimento sublime da alma na construção do bem. Entende-la como mero ato compulsivo (obrigatório) ou agendado de beneficiar alguém ou alguma obra será limitar seu conceito cósmico. Caridade é ação educativa. Nem sempre, no entanto, ela tem educado, reduzindo-se ao amparo amenizador de dores e necessidades, que não ultrapassa a conotação de simples dever social conferido a todos na humanidade.
A ação no bem, antes de tudo, é estímulo e experiência para quem a pratica. Do contrário, restringe-se a exercícios de doação para "desafrouxar" sentimentos, ato não menos meritório, mas distante do significado da palavra que foi descrita por Adolfo, bispo de Argel, na inspirada poesia: "Caridade! Sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, é tu que hás de conduzir os povos à felicidade".
Empenham-se em movimentos espetaculares de filantropia, asilando sonhos de grandeza espiritual para depois da morte, como se obtivessem garantia automática de redenção e paz interior. E a espera de "saltos evolutivos no além" em razão dos pequenos passos de altruísmo, que apenas começaram a dar. A luz que espalhamos aos outros sempre será avalista dos mais prestimosos créditos de amparo na carne ou fora dela. Entretanto, não constitui saldo defensivo contra as investidas do mal que ainda brota do próprio imo (íntimo).
O bem tem de ser bom e gerar valores, antes de tudo, para quem o faz. A ilusão, infelizmente, tem dilatado e incentivado ideias de salvacionismo fácil por meio de práticas que algumas vezes não passam de mecanismos do ego para aplacar a ansiedade de destaque e prestígio de criaturas em vivências personalistas.
Sem nenhum sentimento de menosprezo, e com todo o respeito e carinho, fica o nosso convite aos trabalhadores da seara para uma reavaliação com fins de melhoria em todas as nossas iniciativas doutrinárias em nome do bem.
"Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas" - Livro dos Espíritos - questão 886
NO CAPÍTULO 10 - AUTO-PERDÃO: Força para recomeçar - Temos uma abertura do Evangelho Segundo o Espiritismo que diz: " A Calma e a Resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio"
No Hospital Esperança temos uma ala edificada em plena natureza, no qual são realizadas atividades de apoio a suicidas em recuperação. O objetivo é que todos aprendam a tratar com respeito os seus atos impensados, adquiram domínio interior e honestidade emocional. Neste capítulo, vários suicidas se manifestaram. Trechos do capítulo:
- "Dizem que os que se matam fazem isso para se livrar de um acontecimento infeliz. Engano! Fazemos isso para nos livrar de nós mesmos. O suicídio é apenas mais uma decepção que se soma ao conjunto de insatisfações que colecionamos. Livramo-nos realmente da vida física, dos problemas periféricos que consomem nosso pensamento. No entanto, não nos livramos do que sentimos. Quem se suicida não está se matando, já morreu há muito tempo" "O ato suicida apenas elimina o corpo de quem, na verdade, já decretou sua derrocada moral. Somente estando na vida espiritual para se dimensionar com exatidão a dor dos que já morreram por dentro. O pior dessa morte é querer deixar de existir e não ser possível. O suicídio é a decisão desesperada da criatura que não está pulsando com a vida. Não matamos a nós mesmos por covardia ou para pôr fim a algo; matamo-nos porque não sabemos como existir, como resgatar o sopro de vida dentro de nós" Perambulei por centros e mais centros espíritas e só ouvi sentenças de carma e obsessão, doença e ruína. Como garimpar o diamante da vida nesse lodo de incompreensões e negativismo? Envergonhava-me quando em contato com os amigos de doutrina, porque não conseguia esboçar sequer um sorriso de gratidão. Hoje, um pouco mais refeita das dores acerbas que me fustigaram o coração, percebo com clareza a severidade do que significa essa morte interior. Procurei quem pudesse ouvir minha dor com o coração, entretanto o que recebi foram doutrinações e reprimendas pelo que sentia, Não encontrei em nosso ambientes de amor, quem me ajudasse a sustentar o perdão que não conseguia oferecer a mim mesma, Quem tivesse respeito pelo que eu sentia e soubesse me tratar como doente e incapaz."
Continuando o debate do Capítulo: - Já encontrei pessoas que, mesmo se matando no corpo, gostariam de se matar novamente em Espírito. Entretanto, sentem-se totalmente incapazes... No corpo basta uma lâmina, um corrosivo... Mas como se mata o ser espiritual? Por isso existem os vales da amargura e da perdição emocional. Eu os conheço de perto. Lá se juntam almas por pura afinidade, reunindo a miserável sobra de força para que, assim., aglomeradas, suportem a si mesmas. Comparemos semelhantes locais a campos vergastados pela fome cruel em que todos se alimentam de pequenas migalhas de suprimento, sendo obrigadas a se desnutrir até que não tolerem mais as crises de loucura e passem a se agredir em busca do que lhes falta."
Outro trecho do Capítulo 10 - O Espiritismo é a Boa Nova dos tempos modernos. Sua mensagem é de consolo, estímulo e alegria. os adeptos, entretanto, nem sempre conseguem expressar esse clima de entusiasmo e vitalidade. Até certo ponto, a questão é compreensível em face das lutas ingentes que travam com sua intimidade profunda. Mas, sem dúvida, necessitam de um pouco mais de emoção e alegria cristãs.
-Euripedes e doutor Bezerra ensinaram-me que o foco essencial do Espiritismo é o homem, suas dores, sua busca. Se os esforços do Centro Espírita não convergirem para auxiliá-lo na grande jornada existencial, tal instituição falirá seus objetivos maiores, passando a atender questões de secundária importância. O Centro Espírita com Jesus deve consolidar-se como um espaço de recuperação da dignidade humana e uma praça de convívio e alegria. A causa da Doutrina Espírita é a espiritualização do homem por meio do amor, Quando uma causa doutrinária orienta e oferece condições ao ser humano para viver de conformidade com a visão imortalista, ela cumpriu a sua missão.Ressalte-se que, tarefa dessa envergadura, só será possível com muita cumplicidade, porém, igualmente, com muita simplicidade.
Um entre aspas do Capítulo 10: " Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma" O Livro dos Espíritos- questão 933
No capítulo 11 - Fé, combustível do ato de viver - Parte 1 - Chegando á vida física, encontramos com as frustações necessárias. Caímos no desapontamento e , por fim, na rebeldia, negando-nos a aceitar nossas necessidades espirituais. Surgem os conflitos com o corpo, a sociedade, a profissão e a família. Em verdade, o maior adversário somos nós mesmos. A resistência declarada em aceitar quem somos. A rebeldia de ser, existir e viver. Instala-se nesse passo um terrível estado de satisfação com a vida. Sentimentos de culpa, tristeza e medo delineiam estados mentais doentios de punição, perfeccionismo e baixa auto-estima, conduzindo-nos aos dramas dolorosos da angústia e da depressão. Fala das crises de descrença e de vazio existencial.
Raríssimos escapam de semelhante "roda da vida". Isso é o carma, a teia da existência tecida por nós mesmos nos roteiros da reencarnação. Pela forma como reagimos aos episódios da existência, determinamos o curso dos prazeres e desgostos de nossas vidas. O rebelde, por exemplo, agrava seus passos em autênticos torvelinhos de emoções perturbadoras. É a feição comportamental de almas que não aceitam a realidade. Estreito limite existe entre o caráter patológico da rebeldia e esse aspecto que alguns tomam como qualidade. O rebelde paralisa. o corajoso avança. O rebelde sofre. O corajoso liberta-se. A rebeldia pode se ligar à ansiedade e à depressão e ao baixíssimo nível de tolerância às frustações e uma conduta irritável. Na arrogância, nossa maior ilusão é não aceitar o eu real em detrimento do eu ideal. Romper com a imagem que o ego construiu sobre nós, para nos defender da angustiante realidade do que somos. Conversando com Celso Polycarpo do GEAL (Grupo Espírita André Luiz), ele fala que ao longo da vida devemos procurar diminuir o tamanho do nosso ego em nossas relações humanas, algo que não é fácil e que as vezes isso pode pesar na vida pós a morte e na nossa consciência. Os livros de Ermance Dufaux, juntamente com o médium Wanderley de Oliveira, aborda com frequência essa relação do nosso falso eu ( ilusões do ego) e da humildade perante o próximo.
No capítulo 11, fala que a nossa maior dificuldade é aceitar que a vida jamais será como queremos. Nisso reside nossa incapacidade em lidar com perdas e sonhos desfeitos ou não alcançados. A descrença traz a paralisia da depressão que nos aprisiona no catre da ausência de sentido e com isso a perda da vontade de viver. Arrogância e descrença são extremos psicológicos e emocionais de um mesmo motivo: a ação e não aceitar os processos necessários da vida e suas leis de progresso.
Nesse clima da vida interior, a maior enfermidade dos dias atuais instala-se sorrateira e decisiva: a ausência de sentido para os dias da nossa existência. Rebeldia é resultante da ausência de habilidade em movimentar o mais sublime patrimônio conferido pelo Criador à criatura: a fé. A fé é o combustível do ato de viver, a energia de Deus, que sustenta o universo em profusão. O contato com a energia da fé desperta o estado de otimismo, irradia, a paciência, espalha a confiança e fortalece a resignação nas atitudes, levando-nos a aceitar a vida como ela é. Estar no presente significa viver, ter sentido para continuar um dia após o outro nas busca consciente por metas e motivações.
No capítulo 12 - Fé, combustível de ato de viver - parte 2 fala de uma alma querida de Euripedes Barsanulfo que compunha as milícias nazistas que incendiaram o mundo do ódio e racismo ao término dos anos 30. O soldado Matias era um escritor das trevas, assessor de ideias nocivas sobre a psicologia da maldade. Autor do livro " Porta Larga: O caminho da Perdição Humana" no qual desenvolveu um modelo de colonização do mundo mediante um estudo profundo da natureza humana". Sua tese está resumida na Parte 1 desta mensagem. O fundamento básico do livro é o remorso, a fixação prolongada no sentimento de culpa. Com base nessa teoria, até hoje as sombras se arregimentam em suas ações, seja em que campo for do pensamento social.
Matias regressou ao corpo na década de 50 com o objetivo de levar ao mundo melhores noções sobre a substância enobrecedora de sua inteligência e de sua argúcia psicológica. Na condição de médium, enfrenta os mais severos embates com seus vínculos das regiões abismais, onde deixou uma família extensa de laços sagrados. Agora nesta parte 2 vamos registrar a antítese da mensagem anterior. Se o remorso é o núcleo do derrotismo, o arrependimento é a alavanca de motivação para a remissão da consciência. O contingente de almas atingidas no mundo pela doença do remorso é de estarrecer.
Muito antes de Freud, as teorias psicanalíticas já eram estudadas no século XIX nas esferas urbanas da semicivilização. O inconsciente, a parte menos conhecida da criatura, tornou-se alvo dos velhos alquimistas e magos que servem a essas hordas (tribos).
No remorso, a doença básica da ausência de sentido corrói os mais firmes propósitos de vitória e progresso do ser humano. As sensações de medo, insegurança e incompletude ( o ser humano quer cada vez mais, o ego nunca se sacia) podem gerar o surgimento da angústia patológica. A palavra mudança para quem se acha adoecido psiquicamente é um desastre de proporções incalculáveis. Sem arrependimento legítimo, porém, não há cura, não há melhora. Arrependimento, quer dizer, dar um novo direcionamento à vida e deixar de fugir das responsabilidades da vida. Culpa, medo e tristeza aqui também comparecem, com a diferença de que, neste clima psíquico, são vetores de orientação que criam estado de pressão íntima com fins educativos. A culpa sob comando torna-se motivação para rever crenças e valores, inspirando novas condutas. O medo, aos invés de paralisar, vai trazer um convite para a reflexão dos desafios e testes e como superá-los. A tristeza é a introspecção , algo que centra a mente em si própria, tornando-se igualmente um convite a repensar caminhos e a buscar novas soluções imprevisíveis.
Capítulo 13 - Vitória sobre o ciúme
O ciúme- reflexo do afeto perturbado pelo instinto de posse -, quando cultivado em séculos de renitência no amor próprio, fatalmente desarticulará o psiquismo, adoecendo-o com quadros de insegurança e medo, culminando em psicoses diversas que lotam nosocômios ( hospitais) no orbe inteiro. Quase sempre, por trás dessa virulência afetiva, encontramos o receio das perdas a constranger corações emocionalmente imaturos nas tormentas do despeito e da cautela excessiva. Diante do medo da perda, a criatura se torna apegada, melindrosa e ressentida por pequenos senões, configurando um estado de incertezas fantasiosas nos domínios com "flashes psicóticos", oferecendo campo mental propicio a obsessões.
Fruto de imaturidade emocional, o ciúme é uma manifestação de carência afetiva, culpas, complexo de inferioridade e falta de auto-confiança, adquiridos no processo educacional infantil, determinando larga ausência de gratificação com a vida. Ele pode definir depressões brandas ou severas, dependendo da reação de cada pessoa ante os trâmites da existência. Além do que pode provocar o esmaecimento energético com variadas consequências para a saúde orgânica.
Onde comparece excita disputas silenciosas, desenvolve guerras mentais, incendeia pretensões personalistas, alimenta a inveja, estabelece incômodos íntimos com o êxito alheio, e por fim, impinge à sua vítima uma revolta com os acontecimentos que lhe escapam ao controle.
Costuma-se tomar ciúme como sinônimo de inveja.. Ele, porém, é a possessividade que impede a partilha, cria o desrespeito e favorece o desequilíbrio, enquanto a inveja é o desejo enfermiço de possuir valores alheios, sejam eles morais, materiais, ou espirituais. O primeiro é atitude de apropriação indébita de alguém ou de algum bem. O segundo é a ausência do auto-amor em razão do desconhecimento de seus próprios valores.
Nas relações entre espíritas, porém, é injustificável permitir-lhe a sanha multiplicadora de problemas e situações prejudiciais ao trabalho e ao bem-estar dos grupos.
O personalismo que ainda nos consome é a raiz enfermiça e dinamizadora dos motivos pelos quais nos infectamos com semelhante vírus da alma.
O espiritismo, a casa espírita, o movimento espírita, não nos pertencem. Nada disso deveria ser causa de inveja e possessividade.
O sucesso dos irmãos deveria nos alegrar e a humildade em retirar lições de suas vitórias é o melhor caminho para aprender, se, desejamos, igualmente =, alcançar seus passos bem-sucedidos.
O ciúme é tão cruel que, determinados corações na seara se sentem ameaçados de perder posições e ter seus feitos esquecidos, ante as habilidades dos que realizam com competência, em pouco tempo, os ofícios que eles levaram anos em aprendizagem.
Aqueles que padecem as injunções dessa enfermidade geratriz do ciúme deverão se internar no hospital da oração, do trabalho, do desprendimento, da renúncia e do altruísmo. Medicações indispensáveis para drenar-lhes as impurezas e sanear o campo afetivo. Sejamos zelosos, mas sem paixões.
"Para o invejoso e o ciumento, não há repouso; estão perpetuamente febricitantes" - O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo V - item 23"
No capítulo Sentimentos: Nossos Verdadeiros Guias - É um capítulo que fala da importância da caridade, do olhar para o próximo, sem a busca da recompensa. Da quebra de barreiras que nos desaproximam do próximo, de sua singularidade rica de lições, que podem ser absorvidas em regime de salutar intercâmbio de vivências. A importância do acolhimento alheio. O espírita ser alguém de boa índole dentro do centro e fora uma outra pessoa com tratamentos ríspidos a serviçais e familiares no lar ou ainda a funcionários e conhecidos no dia a dia. É a tão conhecida caridade com hora marcada! A cidadania à luz da imortalidade significa a luta íntima na consolidação dos deveres perante a consciência com participação social consciente, onde quer que estejamos. Jesus é o exemplo de espontaneidade e ternura no atendimento do ser humano integral. Que cultivemos a arte de melhorar nossos hábitos no relacionamento, transformando a casa espírita em um oásis de refazimento e esperança aos corações desolados e ao indivíduos sem norte.
Predomina entre nós a cultura de que o bem expandido, em qualquer forma que se apresente, é apólice de garantia de paz além-túmulo, aguardando os louros das bençãos que semeamos. Nem sempre.
Nós mesmos nos beneficiamos com a caridade que é a luz que se acende ao próximo. E não devemos ficar com o padecimento da "síndrome de além túmulo". A nossa situação aqui na vida espíritual é um resultado natural de nossas ações, e não um plano recheado de sonhos fantasiosos do cálculo. O que define nosso equilíbrio ou infelicidade é o estado íntimo que carreamo nos domínios da consciência. Vale lembrar que somos devedores de soma quase insolvente, sendo assim, o bem alheio, em nosso caso, é abatimento na contabilidade de nossas contas espirituais, não constituindo ainda créditos polpudos nos bancos da virtude. A caridade tem de ser boa, agradável e espontânea, para quem faz e quem recebe, nivelando ambos no ato de dar e receber, descaracterizando os papéis de doador e carente, porque carente e doador somos todos, dependendo do que se passa durante o magno intercâmbio solidário das relações.
Irmã Rosália alerta-nos para o ´ponto crucial da caridade moral: "A caridade moral consiste em se suportarem uma ás outras as criaturas. (...)"
No capítulo 15 - Onde estão os espíritos Superiores" tem o encontro de Antero Gomes, doutrinador esclarecido, desencarnado em Minas Gerais, na década de 90, que após 30 dias no Hospital Esperança foi encaminhado aos cuidados do doutor Inácio Ferreira, responsável pela ala de médiuns e doutrinadores. Antero Gomes tinha seus defeitos e vícios, mesmo trabalhando a favor da espiritualidade e pede favores à doutor Inácio como voltar ao centro onde trabalhava como dirigente, rever amigos e ampliar a sua visão da mediunidade. Mas doutor Inácio fala da rigidez de conceitos e acusações contra Antero Gomes, por isso ele não tinha muitas escolhas à seu favor na espiritualidade. O diretor do nosocômio, Euripedes Barsanulfo, após o doutrinador expor sua queixa de doutor Inácio em relação a ele, diz que essa angústia de Antero é pedido profundo da alma por trabalho e libertação para superar conceitos e tendências. E Antero retorna à doutor Inácio e pede a volta ao labor.
Antero Gomes não foi um homem mal para merecer as regiões sombrias da dor, mas também não foi um homem que fez todo o bem que podia. Segundo diálogo com doutor Inácio, Antero perdeu oportunidades, mas seu trabalho é reconhecido na espiritualidade, mas tinha muito preconceito e presunção, os dois ingredientes de uma das mais típicas patologias da mente: a ilusão. Seu tutor é Anísio e ele espera muito trabalho de Antero na espiritualidade. Ele vai trabalhar nos abismos e no centro espírita que criticou durante a vida inteira, pois ele é o Espírito Superior que zela por aquela casa e por Antonio Crisostomo, uma alma querida de seu coração.
A acusação ou indiferença aos serviços alheios será sempre uma sentença lavrada contra a consciência. Não devemos esquecer que a tarefa mais importante é a que realizamos no íntimo, conosco mesmo. Quando pautado no amor e sem interesses pessoais, é serviço valoroso na edificação do mundo regenerado, sobre tudo, dentro de nós. Relembremos a questão de O Livro dos Espíritos, 111, sobre os espíritos superiores. Entre outras profundas anotações, diz Kardec: "Afastem-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, o que, por influência da matéria, fogem à prática do bem".
Neste contexto do capítulo, tiras-se a conclusão de que o espírita pode ter feito o mais nobre trabalho dentro de um centro, mas mantido a arrogância e a soberba, o que não adianta nada. Além de procurar o retorno pela caridade e desqualificar o serviço dos colegas de trabalho.
No começo do capítulo 16 - Convivência fraterna nos grupos (espíritas) - Fala-se das relações interpessoais dentro de um centro espírita, sendo que existem trabalhadores que mantêm uma distância um do outro. Compartilham-se ideias, tarefas e deveres, e nem sempre afeto e amizade autêntica. Esta aí a causa também para que cuidemos da nossa vida emocional e psicológica. Que os diretores se organizem junto aos frequentadores, trabalhadores e coordenadores de suas instituições. Deve-se manter no ambiente uma convivência sadia e motivadora. A carência humana de afeto é uma tragédia de proporções incomparáveis na história. Nesse contexto de tantas desavenças como ruir de lares, fuga para vícios, à depressão, à inversão de valores morais, entre outros exemplos, a casa espírita deveria se constituir num oasis de esperança e refazimento, para os cidadãos sofridos com a ingratidão e os desvalor que a sociedade lhes impõe. Nós nos centros espíritas estamos em um aprendizado intensivo, na melhora de nós mesmos e na superação de nossas mazelas morais. Educar-se e espiritizar-se é a meta.
No capítulo 17 Aos cuidadores de almas, fala sobre acordar todos os dias com esperança e acreditar que merecemos ser felizes. Gostar do mundo e das pessoas como elas são. Não é fácil, mas devemos procurar saber lidar com o próximo apesar das diferenças. Tem o livro Diferenças não são defeitos, também da Ermance. Ter uma relação de amor consigo mesmo. Ser grato e alegre em todas as situações. Procurar ser grato pelas pequenas e simples coisas da vida.
O foco do prazer de viver está na perda de quem achávamos que éramos - o nosso falso eu - o encontro com o eu real. So há prazer de viver quando há inteireza. Em busca desse novo eu real está o autoenfrentamento. E com isso vem a angústia, o lamento sofrido da alma que suplica novos rumos. Chega de mentiras e ilusões. Ninguém progride sob o manto da idealização!A dor é a estrada para a felicidade. Em verdade ela é um convite da vida reclamando nossa integração com as leis prodigas de Deus, criadas para os nosso próprio bem.Com a procrastinação virá a depressão. Eu acredito que a depressão surge quando o individuo não encontra o seu caminho na vida, gerando as dores da alma não resolvidas quando a vida nos chama para curá-las das ilusões. E vem a descrença no próprio ato de viver. O capítulo indaga: como o Centro Espírita poderá alcançar a condição de escola libertadora dos sentimentos? Que passos devemos dar para que a casa doutrinária seja uma ambiente nos favoreça a assumir nossa humanidade sem derrapar na fuga e na ilusão? Viver vai além de nossa compreensão imediata.
No capítulo 18, Sensibilidade Mediúnica, fala que a reencarnação é a assinatura de um " contrato" de responsabilidade ante o tribunal da consciência, que exara apelos de melhoria continua. É o objetivo maior de nosso retorno à escola terrena. Pulsando em sintonia afetiva com a Verdade, deciframos os "códigos ocultos" daquilo que nos cerca a marcha evolutiva. Os médiuns (todos somos médiuns!) usufruem a sensibilidade-empréstimo que os capacita a ser decifradores da vida nas suas mais variadas manifestações. Eles têm como missão a tarefa de médiuns, alguns até contato com a espiritualidade antes de embarcar na tarefa da mediunidade. O capítulo indaga: sensibilidade é fruto de aprendizagem ou de maturidade espiritual? O médium que melhor interpretar seus sentimentos e educá-los terá maiores possibilidades para recolher as ideias do Bons Espíritos. Educar a mediunidade é expandir os núcleos sensíveis do ser interior, aprendendo a sentir a vida em sintonia com Deus, com o próximo e a sua natureza singular. Se o século XX foi a Era da Inteligência, o século XXI é o tempo da intuição livre, consagrando a arte de sentir com sexto sentido do homem. Sentimento é mediunidade. Sensibilidade é a base da vida afetiva saudável. Vale uma leitura do clássico Mediunidade de Edgard Armond.
Traços do Orgulho é a temática do Capítulo 19 e é um dos grandes defeitos do ser humanos, sem distinção de classe social: ricos ou pobres. Segundo O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo IX - item 9. Uma das necessidades mais naturais do homem é poder contar com a aprovação e admiração alheia. Motivos para dar continuidade para sua caminhada terrena. Algumas pessoas, no entanto, são prejudicadas durante todas as fases da existência, devido a problemas traumáticos da infância. Tornam-se pedintes viciados de atenção e reconhecimento dos outros, para preencher a carência de autovalor que não conseguem encontrar em si mesmas. Os pais devem centrar seus filhos na realidade da vida. Depois a criança cresce e percebe que as coisas não acontecem da maneira que elas almejam. Alguns tutores, pais, desavisados, negligentes ou mesmo maldosos vão mais além e ainda promovem escândalos de rejeição e leviandade com o filho, mexendo muito com a auto-estima da criança. Se o espírito já renasce com baixa auto-estima, pior ainda. Por outro lado, se a alma já angariou autonomia e as diversas habilidades decorrentes do auto-amor, encontrará recursos para superar os dramas do lar e avançar em direção à maturidade sem maiores dores. Parar compensar essa carência de estima e admiração, sejam quais forem suas raízes no tempo, a criatura recorre instintivamente ao orgulho - sentimento que dilata a sensação de importância pessoal - , com o qual tenta se proteger das ameaças que experimenta constantemente na vida inconsciente, em reação ao meio no qual convive. Do orgulho pode surgir uma silenciosa competição com todos a sua volta, em crises de narcisismo sutil, porém muitas vezes perceptíveis. Uma proteção das agressões da vida infantil ou de vidas anteriores. Os orgulhosos não gostam de ouvir nem mesmo a própria consciência. Desembaciar esse espelho dos sentimentos é limpar a impureza da ilusão que distorce a auto-imagem. Os orgulhosos esperam ser aceitos em quaisquer situações e não convivem bem com a crítica. Acreditam que não precisam mais aprender nada. Melindram-se e criam animosidade com quem lhes propõe corrigenda. Acreditam que tem direitos especiais nas comunidades que participam. Falam excessivamente de si mesmos e raramente valorizam as experiências alheias. Supõe-se serem indispensáveis aos projetos da causa espírita.
No Capítulo 20, fala de outro grande defeito do ser humano, a vaidade. "Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo." O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo VII - item 4.
Neste capítulo cita dirigentes espiritas que trabalharam muito por fora e quase nada realizaram na intimidade, na melhora íntima. Fala dos dramas espirituais que muitos espiritas vivenciam na carne, dirigindo centros ou fazendo palestras, escrevendo livros, ou servindo na mediunidade. Doença que padecem segundo a obra: Depressão por parasitismo.
No Capítulo 21 fala-se de descanso e refazimento no cuidados que devemos ter com a nossa saúde e com o corpo humano. Durante a semana muito serviço e os finais de semana tornam-se momentos de liberdade total e de abusos de todos os tipos. Comem ( mudança alimentar), bebem e dormem em excesso, sem falar nos entorpecentes e abuso no sexo para diversão. Depois retornam para casa para recomeçarem a semana, uma segunda-feira trágica no retorno às obrigações. Por isso, eu falo: quando você faz o que você gosta, vive o trabalho da sua essência, o retorno ao trabalho é retorno ao lazer. Mas muitos não têm esta oportunidade. O capítulo fala de depressão e vazio existencial.
Bons costumes, como atividades esportivas, uma música elevada e de qualidade, o hobby terapêutico da costura, a arte da pintura, a leitura edificante (leituras espíritas, de bem estar e de auto-ajuda, por exemplo), um bom filme, o contato com o sol e a natureza, um pouco mais de sono, uma viagem esporádica, uma breve reunião familiar para rever parentes, ou uma outra mudança na rotina. Os trabalhos assistenciais, os estudos e seminários, os bazares, as viagens doutrinárias, as visitações a enfermos, enfim, o ambiente da casa espírita. A oração e a meditação em torno dos novos ensinos auferidos nas realidades doutrinárias preenche-nos com profundidade e louvor, em razão do contato com as correntes mentais superiores do universo, proporcionando ao corpo material a recomposição sutil da qual necessita para sua durabilidade e defesa.
O sentimento de utilidade, de cooperação com a vida e a sociedade é dos mais nutrientes e nobres alimentos da alma, razão pela qual os Lumimares Orientadores da codificação afirmaram: " o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho" O Livro dos Espíritos - Questão 675. OBS: O mal não entra como ocupação útil.
A grande maioria dos homens não aprendeu o valor do servir, de ser útil ao outro ou à coletividade. A maioria quer ser servido e atendido.Sentir-se útil é essencial para a saúde.
Entrevista de Wanderley de Oliveira com Ermance Dufaux
Segundo Ermance, a meia-idade (35-55 anos) é revestida de importância decisiva aos projetos de êxito durante a reencarnação. A juventude é a retomada do patrimônio milenar do Espírito, a adultidade é o periodo das decisões cruciais e a terceira-idade é o preparo para conviver com a vida verdadeira em sua plenitude fora da matéria. E a desencarnação é o ciclo definitivo de colheitas substanciais, quando nos vemos diante de nós próprios como somos.
Na meia-idade temos um ebulir dos apelos profundos da alma em favor de nosso progresso. O mapa de Deus para nosso destino está no Self, todavia a rota para alcançarmos essa meta está no inconsciente. Somente após as conquistas mais elementares da existência por meio da renúncia, da responsabilidade e da persistência é que surge a maturidade básica para o trato com as questões mais profundas do ser. A meia-idade é o tempo da verdade lúcida no campo do Espírito. Na meia-idade acontece a perda da idealização e o convite para a realidade. Em outras palavras, somos devolvidos a nós mesmos. O que de mais importante acontece neste ciclo é, pois, a perda da ilusão de que podemos controlar a vida para que ela seja como gostaríamos, atitude típica de quem idealiza.
A meia-idade é a fase na qual vamos ao encontro do nosso projeto reencarntório?
Ermance responde: É a fase na qual a grande maioria das pessoas reencarnadas vai pela primeira vez, ao encontro daquilo que realmente quer. Passam a existência exercendo o papel de representantes dos desejos alheios, tolhidos pelo medo de escolher seu caminho divino de ascensão. Aprender a ouvir a nossa consciência é a grande lição que nos espera. Nem sempre faremos as melhores escolhas, mas o certo é que na meia -idade seremos chamados a fazer as nossas escolhas pessoais, íntimas, intransferíveis. Qualificar escolhas é algo essencialmente consciencial. Algo entre Deus e criatura. A hipocrisia foi uma das doenças mais tratadas por Jesus em seu Celeste missão.
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